quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CAPOEIRA COMO EXPRESSÃO POPULAR





Até sua descriminalização em 1937, a capoeiragem baiana se expressava através de múltiplas formas: nas brincadeiras, nas capangagens, nos conflitos com policiais, ou em outras brigas do dia-a -dia. Era sobretudo, uma manifestação de rua, muitos dos seus praticantes tinham ligações com o candomblé e com o folguedos populares da cultura negra como o samba, batuque e o maculelê.

O vínculo entre os capoeiras e essa prática podia se originar na própria família, no ambiente de trabalho, ou nas festas populares.Os capoeiras se encontravam para fazer suas brincadeiras, na ocasião do “ano bom”, nas festas de Iemanjá, Santa Bárbara, durante o carnaval em outras ocasiões, os jogadores costumavam vestir roupas brancas, algumas vezes ternos brancos, gravatas e chapéu e calçavam sapatos de bico fino, uma prova da esperteza do capoeira era sair das rodas com os trajes intactos. O som dos pandeiros e berimbau, as cantigas, os ritmos, a dança, a malícia dos jogadores animavam essas rodas de rua, mesmo depois da capoeira migrar para as academias ou palcos de apresentação folclórica para turistas, esses costumes tradicionais perpetuaram-se ao longo do século XX, aliás um dos pontos históricos mais antigos da capoeira baiana, ainda hoje palco de rodas semanais é o famoso Terreiro de Jesus.
Entre as décadas de 40 e 60, um lugar que se confirmou como local de vadiação foi o barracão de Mestre Waldemar, que ficava na antiga estrada da liberdade, onde aos domingos reuniam-se muitos capoeiristas baianos. O lugar atraia a população local assim como os intelectuais e artistas , á procura de autênticas manifestações da cultura popular da Bahia. Nas expressões artísticas desse ilustres visitantes, o movimentos dos jogadores das rodas do barracão foram retratadas como uma dança, literalmente um “ balé”

BEZOURO MAGANGÁ


                                       FORTE E VALENTE


Besouro Magangá - assim foi chamado o moço Manoel Henrique Perreira, de Santo Amaro da Purificação (BA). Filho de João Grosso e Maria Hafia, ganhou desde criança o carinho especial do velho escravo mestre Alípio que lhe ensinou, na rua do Trapiche de baixo, os segredos da capoeira.

Forte e aventureiro, não se fixava em empregos nem aprendeu nenhuma profissão.Tinha fama de encrenqueiro e também de justo pois defendia os mais fracos, perseguidos por fazendeiros ou policiais, mas o que transformou Besouro Magangá num mito nordestino foi histórias sobre seu respeito. Dizem que certa vez no Largo de Santa Cruz, famoso ponto da cidade, obrigou um soldado a embriagar-se de cachaça. Solto o policial dirigiu-se ao quartel e comunicou o fato ao cabo José Costa, que imediatamente destacou dez praças para trazer Besouro vivo ou morto, cercado junto a Cruz do Largo, Besouro disse que não se rendia foi então que os militares abriram fogo e o capoeirista caiu. 
O cabo se aproximou certo de que tinham matado Besouro, foi então que Besouro saltou de pé e ordenou que Costa erguesse as mãos e mandou os soldados embora. Mas os casos não param por ai esta é uma das muitas histórias que fizeram de Besouro Magangá um mito, encrenqueiro, arruaceiro, justiceiro e recebeu vários outros títulos mas a verdade é que é um importante personagem da nossa história .

CAPOEIRA NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO






Os escravos começaram a ser desembarcados no Brasil por volta de 1548 e nos três séculos seguintes, seriam predominantemente do tronco linguístico bantus, do qual faz parte a língua quimbundo, estes grupos englobavam angolas, benguelas, moçambiques, cabinas e congos.Eram povos de pequenos reinos com um razoável domínio de técniacas agricolas e cuja grande características era possuir uma visão muito plástica e imagestosa da vida, com grande capacidade de adaptação cultural no Brasil esses grupos ètnicos , antes rivais ,se reuniram pela escravidão formando uma cultura africana que plantou bases muito fortes na cultura brasileira, de danças, músicas, e técnicas de corpo como a capoeira.


Com a libertação dos escravos houve sim uma grande vitória mas também muitos outros problemas, pois aos negros não lhes foram dado nenhum tipo formação ou informação para que se podessem orientar, logo se realizaram várias revoluções neste período pois é natural que uma massa de excluidos se organize formando ganges, como os latinos fazem hoje nos Estados Unidos. No Brasil as “ maltas” eram bandos de capoeiras que sairam para enfrentar rivais nas datas festivas, diantes de bandas militares ou procisões, misturando brincadeira com violência. Os mais perigosos não se expunham tanto, mas eram bons de facas, porretes e navalhas.Para o corruptu sistema partidário da época, foi a ferramenta ideal de campanha, foi assim que os nagos e os guaiamus, gangues cariocas, se ligaram, respectivamente, ao partido Conservador e ao Liberal, transformando-se no braço armado das diputas politicas do Rio de Janeiro.

Até então a lei punia a capoeiragem com setenças de até 300 açoites e o calabouço, o auge da repressão foi em 1890 quando ficou instituída a deportação dos capoeiras do Rio para a Ilha de Fernando de Noronha. Na Bahia as falanges foram desorganizadas pela convocação para guerra do Paraguai em 1864. E as de Recife só acabaram definitivamente em 1912,quando o jogo voltou a ser brincadeira. Até 1937 a capoeira ainda era crime previsto no código penal seu simples exercício na rua davam até 6 meses de prisão, quando o então Manoel dos Reis Machados o famoso Mestre Bimba ao convite do até então Presidente Getúlio Vargas descriminalizou-a e decretou ser aquele o “esporte autenticamente brasileiro” retirando assim a capoeira do código penal brasileiro, podendo ser praticada livremente.(texto de Cláudio Santos)

MESTRE BIMBA



Manuel dos Reis Machado, famoso Mestre Bimba, nasceu em 23 de Novembro de 1900, no bairro do Engenho velho, Freguesia de Brotas em São Salvador, Bahia, filho de Maria Martinha do Bonfim e de Luís Cândido Machado recebeu seu apelido ao nascer de uma aposta entre sua mãe e a parteira que o aparou.Tinha fortes ligações com as tradições africanas; era filho de um lutador de batuque-luta de origem africana que iria influenciar a criação da capoeira regional, tornou-se ogâ de candomblé. Começou a capoeira aos 12 anos de idade, com um africano chamado Benedito, capitão da Compania de Navegação Baiana. Bimba afirmava que a capoeira tinha nascido dos negros escravos, nas senzalas do recôncavo. Dotado de uma notável habilidade e capacidade de organização, Bimba abriu sua primeira academia no engenho velho de brotas.Conseguiu alvará de funcionamento em 1937, data que ficou conhecida como marco da legalização da capoeira. Introduziu inovações na maneira de jogar e de ensinar a capoeira, procurando tornar a antiga capoeiragem mais eficiente e racional, atraindo dicipolos de classe média, brancos universitários.Tinha nascido uma nova tradição a capoeira regional, este estilo tornou-se um esporte reconhecido e valorizado como ícone do Brasil frente as de mais artes marciais e lutas estrangeiras. Apesar do sucesso crescente obtido pela capoeira, a falta de apoios e recursos levou Mestre Bimba a procurar em outros lugares uma vida mais digna. Atendendo ao convite de aluno, se mudou para Goiãnia onde viria a falecer em 5 de Fevereiro de 1974 aos 73 anos de idade, um ano depois de ter deixado a Bahia. Mestre Bimba - herói da capoeira, inspirou mais de 30 livros e filmes, apesar das amarguras e decepções no fim da vida, a semente plantada pelo mestre crescia cada vez mais: A capoeira regional,sob sua diversas formas, ganhou novos adeptos no Brasil e no mundo.


CAPOEIRA NO RINGUE


As lutas de capoeira no ringue foram eventos de extrema importância na capoeiragem baiana a partir dos anos 30. O parque Odeom, localizado na Praça da Sé, era palco dessas competições da quais participaram diversos capoeiristas baianos e que consagraram mestre Bimba como campeão bainano de capoeira.Esse eventos foram objeto de estudo de Frederico José de Abreu em seu livro BIMBA É BAMBA, a capoeira no ringue, onde defende a ideia de que essas lutas representam simbolicamente a divisão entre angola e regional.As diferenças entre os dois estilos eram explicadas quando comparadas suas eficiências respectivas.

A capoeira regional proclamava sua superioridade no ringue, sugerindo que a capoeira angola fosse inadequada para este tipo de enfrentamento. Além do desafio no ringue lutadores de outras artes marciais, como jui-jitsu, judô, luta livre,boxe etc.Era no ringue que se dava a disputa entre a capoeira símbolo de identidade nacional e esportes estrangeiros competindo em mercado brasileiro como já foi citado a cima,expressando essa contenda Mestre Bimba provocou eventuais oponentes: “ fica lançado o desafio aos que praticam a capoeiragem como a qualquer outro lutador, os enfrentarei com a minha capoeira”